domingo, 3 de março de 2013

Saudades

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar 
Quando as estrelas cintilam 
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor, 
O sino do campanário
Que fala tão solitário 
Com esse som mortuário 
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho — 
Eu solto aos ecos da serra 
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra! 

Casimiro de Abreu

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