sexta-feira, 29 de março de 2013

Arqueiro


O ar lhe deu um choque frio, seus olhos lacrimejaram. Nada lhe passava em sua cabeça, nada além daquela silhueta sensual da moça do canal 13.
Pat Anderson, no momento em que sentou no banco do seu antigo Chevrolet Impala sentiu seus miolos fritarem, arrumou o retrovisor, tentou dar a partida mas seu carro não ligava. Passos começaram a se aproximar. Na sua cabeça cada segundo que passava, parecia uma eternidade. Parecia o fim. Mas de repente acordou em uma cabana no meio de um bosque, cercado de peônias e unicórnios.
Um lago, um lago, um lago, um reflexo no lago. Estremeceu. A terra estremeceu. Seu carro sumiu, suas roupas sumiram estava nu  Sem nada, sem alma e nem amparo. Se sentia vazio enquanto ninfetas pairavam sobre ele cantando as mais lindas canções. A grama verde e molhada pelo orvalho da noite que vinha caindo. No céu as estrelas já começaram a brilhar, mas cade a lua?
Olhava ele para o céu perdido entre os planetas, entre as nações, perdido entre seus amores. Tudo isso o fez parar pra pensar.Pat Anderson era o único humano ali. Sem mais. Sem menos. Sem roupas.
Uma má influência, uma indecisão.
Acordou só,perto do canil de sua casa, ainda pelo ar frio e gélido da madrugada. Com roupas, com chaves, sem carro. Uma loucura gerada pelo seu Ego, no submundo da ilusão.
Aquele reflexo no lago nunca irá se apagar.
A silhueta sensual da moça do canal 13 ainda lhe passava em sua cabeça.
- Open Bar- disse o amigo dele pelo telefone.
Desligou pegou sua jaqueta de couro surrado pelo tempo e sumiu na escuridão da noite.


sábado, 23 de março de 2013

Vírgulas não são pontos finais

Num inverso de cores e sentimentos te encontrei e até agora foi a melhor e pior coisa que já aconteceu em minha vida. Surgiu do nada, querendo nada, sem motivo algum, apenas ali, com cara neutra, com olhos borrados de lápis.
E você aos  poucos foi se tornando tudo, tudo oque eu queria perto de mim, essa sua mania de achar que nada vai dar certo, um dia acabara com nós duas, não serão sonhos em vão. Não sera nada em vão. Serão dias e mais dias de depressão, por nada que tenhamos feitos, apenas memórias do passado. E ao longe se vai, querendo mais pra perto em um sentido desfigurado a melhor amizade se estende entre as entranhas do medo, entre as entranhas da dor. Isso eu garanto que bom é quando faz mal, você é insuportável fico lisonjeada quando penso nisso. Caindo na realidade de que nunca ira mudar, tomara que não mude... Tomando sorvete nos dias de chuva, dando sorrisos para os pedaços do dente de leão, que com o vento se vai, ao longe para nunca mais voltar. Os grilos do teu quarto se calaram, as noites de insônia se cessaram e oque você faz agora? 
Sem motivos, agonias e choros de outrora. 
Tomando sorvete nos dias de chuva, as pequenas vantagens de caminhar devagar é apreciar a lua nas noites de inverno. Só. Sem pressa de chegar. 



quinta-feira, 21 de março de 2013

Dias de Inverno

"Nos dias de inverno ela inventa novas história e cria seus próprios personagens. Nos dias de inverno ela coloca sua blusa de lã, bagunça um coque no alto de sua cabeça, faz uma xícara de chá e senta perto da janela, sim, a mesma janela de onde via todos os dias ele passar.
Nos dias de inverno ela não quer ninguém, nos dias de inverno só quer um cobertor pra se enrolar, um livro de romance com as páginas amarelas para ler.
Nesses dias de inverno longos se tornam, sempre num tintilar de memórias"


sábado, 9 de março de 2013

Exportação da Alma

Preciso de exportação da minha alma
Para um lugar bom, uma outra dimensão talvez.
Para longe, longe
Longe do lugar que não me faz bem

Exportar meu passado
Em forma de presente, para o mar
Para longe dentro do mar
Sem nenhum problema para me acompanhar

Imaginar meu corpo sólido,
Como se fosse uma mera clemência,
Deixando meu espirito se fundir na matrix da vida espiritual

Exportação do nada para um tudo,
De coisas boas para dentro de mim
Preciso disso



Eu ainda prefiro dragões.

Muitas vezes somos as estátuas da partilera de baixo pintadas de verniz, querendo reconhecimento. Encubadas por rótulos e descrições, talvez um chip e um código de barras será a próxima invenção.
Dias estranhos vão se formando e por um longo tempo se curvam, adiando a preocupação, eles não ligam muito pros meses e nem pras estações, seis de cinco não sabem oque é liberdade de expressão.
O úmido do chão entra pelos ouvidos, prejudica a audição e é isso a minha unica conclusão, porque não mais explicações?
Pequenos quadros com criaturas de olhos esbugalhados me olham, se retorcem mas de nada reclamam, afinal são quadros de pessoas que já se foram. Fizeram história nesse Mundão. R.I.P.
O Brasil no modo de subordinação, difícil é não enxergar isso.
No esgoto sujo, na sarjeta se refugiam. Aqueles que por medo desistiram de demonstrar oque pensam.
Meus inimigos estão soldados no chão, no poder, no chiqueiro. Nunca caem de posição.
Nos falam de jogos de futebol e de carnaval, enquanto nossos filhos passam fome e não tem educação de boa qualidade, sem hospitais bons para recorrer.
Ferrugem de estátuas, relíquias no porão. Aprendemos a não criar expectativas em cima das pessoas. Está um caos lá fora.
Suor na testa do cidadão.
Não sei falar de política sem citar corrupção,
O vento gélido que vem na sua direção, entra dentro de um casulo e finge não ligar também.
Amanhã depois, em outra estação quem sabe os chips chegam.
Viva o sistema capitalista.


domingo, 3 de março de 2013

Saudades

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar 
Quando as estrelas cintilam 
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor, 
O sino do campanário
Que fala tão solitário 
Com esse som mortuário 
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho — 
Eu solto aos ecos da serra 
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra! 

Casimiro de Abreu